quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Letargia

Meus olhos já não podem enxergar mais nada
O sangue escorre pelos meus pulsos
Tudo fica cada vez mais frio
Nem mesmo esta corda no meu pescoço é capaz de suportar o peso dos meus pecados
Eu despenco, rumo ao abismo sem fim
Aonde meus erros vem e me pegam pela mão
Conduzindo-me ao meu último suspiro
Então eu permito levarem meu coração em uma estaca
E deixo minha alma sucumbir aos meus medos
Meu corpo agoniza febril em sua sepultura
Uma última e desesperada chance de reaver minha alma
Meus pecados me atormentam novamente
Desencadeando minhas memórias
Revelando tudo o que eu perdi
Meus sonhos evaporam junto com o pouco que restou de minha inocência
Em vão eu tento segurar sua fumaça com minhas mãos
A dor continua presente ainda que eu não possa sentí-la
Meus pensamentos ecoam no silêncio
As correntes me mantêm ligada às raízes do meu sofrimento
Impedindo que eu possa adiar o fim
Eu posso sentí-lo cada vez mais perto
Me torturando lentamente ao dar-me a plena consciência de meus atos
Mostrando minha fraqueza perante o destino
Os fantasmas do passado voltam um a um para destruir o que seria deixado por mim
Tudo à minha volta desmorona enquanto eu me afogo no meu próprio sangue
Não sou poupada nem ao menos de assistir meu próprio fim
Minha alma debate-se, eu grito na tentativa de ainda ser ouvida
Mas mais uma vez o silêncio me cala
Uma última lágrima ainda escorre pelo meu rosto
Até encontrar-se com o sangue que continua a fluir pelos meus poros
Não há nada mais a fazer a não ser entregar-me
O pouco de energia que eu ainda possuo esvai-se rapidamente
E finalmente tudo é deixado para trás