sábado, 30 de agosto de 2008

Em vão

Eu respiro
Brevemente em vão
O delírio de acreditar no impossível
A obsessão de buscar sinais
Não seria mais fácil se eu apenas perguntasse?
Eu preciso acreditar nessa ilusão
Razão pela qual eu abro meus olhos todas as manhãs
Como eu queria poder quebrar esse vidro
A tortura de ver e não poder tocar
A fria noite presencia a minha doce paranóia
Encanto nunca rompido
Se eu pudesse voltaria atrás só para poder fazer aquilo que hoje minha racionalidade impede
E eles chamam isso de arrependimento...
Mas eu nunca usaria essa palavra, eu só queria saber como seria se eu tivesse uma chance
Eu não implorarei
Não cairei de joelhos nem sucumbirei sem respostas
Não correrei riscos
Sei que podem ser em vão
Minha dúvida
Minha maior ferida vem daquilo que eu ouço
Palavras pronunciadas que me rasgam a alma e dilaceram qualquer esperança ainda presente
Gestos me confortam as vezes mas nunca me dão a certeza que só uma coisa me daria
Quero poder olhar e ver nitidamente que a batalha não foi em vão
Mesmo que eu não vença, quero saber, poder dizer que algo foi conquistado
O maior prêmio que um dia eu já pude querer
Não haverá perdão para os erros
Meus passos de repente se tornam todos em falso
Destino, será que isso existe?
Talvez eu tenha encontrado, mas não terei forças para cumpri-lo
Quantas linhas mais me serão suficientes?
Quantos dias mais terei que me arrastar?
Eu nunca saberei a resposta
Nunca terei coragem de perguntar
Espero silenciosamente que ela seja pronunciada
O que mais terei que fazer para ser percebida?
Quantas lágrimas teimarão em vão tentar cair dos meus olhos?
Quantas vezes precisarei ver meu coração sangrar até que não reste nada?
Quantas vezes reprimirei meus pensamentos?
Por trás de toda angústia existe um grande desejo
Só existe um lugar para mim agora e é justamente aquele no qual eu não posso estar
Que eu seja guiada por seus instintos
Que meus sonhos sirvam de refúgio para tudo que eu não posso alcançar
Impedindo que eu seja dominada pelo desespero
Que nada disso seja em vão

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Finalmente uma pergunta foi feita
Um novo convite foi feito para meu mundo de ilusões
Um passo para que a história se repita
A eterna espera por suas reações...



domingo, 24 de agosto de 2008

Meus bravos cavaleiros alados

Imagens
Cavaleiros alados dispostos a me proteger
Eu, a rainha dos tolos
A perturbadora da paz
Não há Tróia que resista
Nem permissão para o proibido
Meu labirinto de ilusões
Acreditar não é a saída
O peso dessa armadura
Impede que eu me mova
Se ao menos eu pudesse ser imune ao corte dessa lâmina
As feridas podem parar de sangrar, mas a dor será eterna
Enquanto estiver guardado
Não será esquecido
Minha doce derrota
Inocente veneno que hoje foge ao meu toque
Apenas posso me afogar no onírico
Onde janelas abertas anunciam a escuridão
Acorrente-me para que eu não fuja
A hora de enfrentar as consequências se aproxima
Meu reinado cairá
Poucos resistirão
Meus bravos cavaleiros alados
Um a um, terão sua chance de romper o elo
Uma vez derrotados e conscientes da verdade
Continuarão a lutar por mim?
A rainha caída do mundo dos tolos
Aquela que trouxe o caos a esse mundo
Que ousou decepcionar
Aquela que se tornou fraca por não se enfrentar
Eu compreendi a verdade
Aprendi a lidar com as possiblidades
Meus bravos cavaleiros alados
Mesmo contrários, mesmo que não sejam recíprocos
Continuarão a lutar por mim uma vez que seus olhos sejam abertos?

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O florete

Hoje a cicatriz voltou a queimar
Como pode uma certeza se desfazer tão rápido?
Resssurgido das cinzas
Este sentimento que me atormenta
Por favor...
Por favor...
Leia meus pensamentos
Dê-me o florete quero duelar!
Aonde está o inimigo senão em mim mesma?
Não importa quantas cicatrizes surgirão
O duelo sempre existirá
Será que é tão óbvio
Que todos fingem não perceber?
Ou meu lado cruel já me tornou inexpressiva?
Mais um golpe no vento
Nunca poderei acertar
Vivo a mentira por não acreditar na verdade
Mais um corte se abre
Quantos mais serão necessários
Para que meu sangue se esvaia
E eu possa experimentar a doce sensação do alívio
Por favor não deixe as últimas linhas em branco
Gostaria que você tivesse o poder de assinar minha sentença
Ainda que este seja um caminho sem volta
Isso não acaba aqui!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Ainda no escuro

Que dor é essa?
Que me faz sangrar continuamente
Que me acorrenta a quem eu não sou
Distorce os fatos, recria situações
Tece mentiras, fecha meus olhos
Tudo já se tornou tão confuso
Diariamente me torturo
Me arrasto para onde eu não queria estar
Meus desejos se auto destroem
Como podem ter rumos tão diferentes?
Me pergunto se estou próxima do meu fim...
Já não busco respostas,
Não consigo mais achar questionamentos
Minha impulsividade reprimida
Agora luta diariamente tentando respirar
A única liberdade que eu quero é poder errar
Será que algum dia eu teria seu perdão?
O que será que mudaria?
Vivo essa angústia, que me consome, me corrói, me fere, me mata
E eu apenas sangro, a tal ponto de minhas veias ficarem secas
Meus olhos se dilatam, mas eu ainda permaneço no escuro
Meu corpo treme, já existe muita coisa que eu não posso controlar
Lágrimas, novamente não me pertencem
Todo o progresso de anos se foi em apenas um segundo
Eu não quero sentir falta...
Por favor, tudo que eu tenho feito é pedir por segurança,
Por um chão no qual eu possa pisar...
A busca eterna por um sinal...

sábado, 16 de agosto de 2008

A ilusão que corrói

Por todas as fotos não rasgadas
Por todas as lembranças ainda guardadas
Por todas as dores remanescentes
Por toda esperança perdida

Todos os caminhos me levam ao mesmo lugar
O mundo é uma mentira
A ilusão que corrói
Destroça toda e qualquer reação
Deixe-me ir embora
Não me faça sangrar até o fim de meus dias
Apague as luzes que me cegam
E deixe que a insanidade obscura se abata sobre mim
Saia de meus pensamentos
Torne-se apenas uma parte do meu jogo
Deixe-me cair
A forma impulsiva é o melhor domínio
Abate-se sobre os fracos
Sobreviventes do destino
Eu, apenas uma
Lutando pela minha destruição

Me pertença
Deixe-me ter algo para me orgulhar
Como uma única lágrima
Pode ser suficiente para me aforgar?
Deixe que meu sangue escorra
Até eu não ter mais forças
E admita que a batalha foi perdida
Deixe-me desejar
Tudo aquilo que eu nunca terei
Apenas uma imagem
Que para sempre guardarei

Deixe que o onírico
Venha para mim todas as noites
Construa o caminho
E me mostre a única alternativa
Permita-me esquecer do real
Para que eu possa correr livre
Deixe que a lua volte a me guiar
Exatamente como naquela noite

Sem rumo, sem destino
Era bem melhor assim
Hoje os objetivos quebrados
Me prendem aqui
Deixe que eu seja assombrada
Mas feche meus olhos para eu não crer
Em ilusões por mim criadas
Que hoje dominam o meu ser

Suas palavras
Sempre me velaram
Deixe-me partir
Já não posso mais controlar
Ainda busco respirar
Deixe-me partir
Nunca é tarde para se machucar
Deixe-me partir
Mas lembre-se nunca é tarde para me salvar

sábado, 9 de agosto de 2008

Entre rosas e crucifixos

Interprete todos os simbolismos
E irá entender
Entre rosas e crucifixos
Há mais coisas do que você pode ver

Aqui estou sozinha outra vez
Nessa caverna escura
Onde a cada segundo
Me aparece uma nova tortura

Abro meus olhos
Mas não há luz para me fazer enxergar
Apenas as velhas feridas
Que parecem não cicatrizar

Não há mais como fugir
O frio volta a me consumir
Eu já não posso desistir
Ainda não achei o tão famoso caminho para seguir

A rosa que hoje seguro
Nada mais são do que pétalas perdidas
Despedaçadas pelo tempo
E todas as suas despedidas
Como pode carregar tantas marcas da vida
Se ainda não teve a chance de viver?
Espero apenas que abra seus olhos
Antes do amanhecer

A cruz que ainda carrego
Hoje é só um peso em minhas costas
Nessa busca ao longo dos anos
Eu já desisti da resposta
O sangue que de mim escorre
Apenas servirá para me ensinar a lição
Não há nada que eu possa fazer
A não ser desistir dessa ilusão
Entre rosas e crucifixos
Há mais coisas do que você pode ver

domingo, 3 de agosto de 2008

Espelho ( Eu e eu mesma)

- Ora, deixe de ser assim!
- Como sabes como eu sou?
- Só eu vejo o que de mais profundo existe em você.
- Conheces minha verdadeira face?
- Tão bem que hoje venho aqui lhe falar essas coisas.
- Eu não acredito nas palavras
- Você apenas está esperando que alguém pronucie-as
- Eu não espero, já faz tempo que eu aprendi que certas coisas eu não posso mudar por mim mesma
- Sei que não é ódio o que escondes, sei que posso revelar seus segredos.
- Não há pureza por detrás de suas palavras!
- E não há insanidade que não seja amor...
- Quem pensas que é para agir como se me conhecesse?
- Olhe para você mesma e descobrirás!
- Não existe resposta em mim mesma!
- Olhe em meus olhos. Não há dor que perdure para sempre.
- O perdão eterno também não me pertence.
- Como podes perdoar, se sabes que não há a quem culpar?
- Devo me auto condenar?
- Não deves fechar os olhos! Pemita-se saber que não existe verdade.
- Você nunca entenderia.
- Eu entendo, por isso estou aqui.
- Então se vá! Saibas que não é bem vinda.
- Por que me expulsas? Sabes que terá que conviver comigo enquanto existir.
- Te expulso por que me insistes em me fazer lembrar, insiste em dizer que compreende
- Não buscas compreensão? O que alguém pode buscar nesse mundo sem ser a compreensão?
- Busco vagar, busco a liberdade, busco o amor!
- Nem ao menos sabes o que é o amor!
- Sei que é tudo o que eu preciso e isso me basta!
- Não, precisar não é o bastante para se poder ter.
- Eu já não desejo, posso sobreviver muito bem de ilusões.
- Você se perdeu, prefere fechar os olhos, deitar-se e sonhar, do que permanecer acordada para ver a vida real.
- Se tiver realmente me perdido saibas que eu não quero que me indiques o caminho. Prefiro continuar aqui pela eternidade.
- Você ainda acredita no eterno?
- E não deveria?
- Estás certa em acreditar, mas saiba que não é porque algo é eterno que se torna imutável.
- Você assim como todos os outros espera que eu mude!
- Eu não quero que você mude, apenas desejo que enxergue as coisas.
- Como poderei ver através dessas feridas? Através dessas marcas que me condenam, e do sangue que eu derramo?
- Isso é algo que só podemos aprender com nós mesmos.
- Você fala como se minha dor fosse a sua.
- E não é? será que só você não percebeu que somos as duas metades de um todo?
- Por que o todo sempre tem que vir em partes?
- Por que assim podemos crescer, a busca pelo equilíbrio é o que nos move, você se encontra nessa busca
- Não! O equilíbrio é só uma ilusão, um dos lados sempre reinará! Saias daqui, não posso permitir que me assombres com essas idéias.
- Talvez seja você que esteja me assombrando...
- Insinuas o que não sabe, insinuas apenas o que sente!
- Achava que essa fosse você!
- A racionalidade também possui sentimentos.
- Já não sabes nem ao menos que tu realmente és.
- Sou aquela que não possui lágrimas, a desprovida de ambições.
- Quem seria eu então?
- Você? É apenas um reflexo. Simetricamente oposto, perdido atrás do espelho...

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Mais uma vez eu não consigo respirar